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Aprendi na prática que estudar medicina é muito mais do que assistir aulas e ir ao hospital

Sempre tive uma ótima relação com os estudos e sempre fui fascinada em aprender e conhecer coisas novas.

Segundo meus pais, eu era muito curiosa e aprendi a ler e a escrever com 2 anos e meio. Confesso que não me lembro, mas tenho muitas memórias de cadernos, livros e gibis como meus brinquedos favoritos.

No começo, eu chorava para ir à escola, por não querer ficar longe da minha mãe, mas isso foi mudando assim que descobri que lá eu poderia aprender coisas e fazer amizades.

A maioria das minhas lembranças do período escolar são no colégio Cepro – uma turma pequena com professores incríveis. Lá, aprender era leve e divertido.

Porém, no último ano do ensino médio, o Cepro fechou e tive que me mudar para Fernandópolis/SP para continuar os estudos. Fui morar com minha prima Taís e minha amiga Laís em uma kitnet. Foram naqueles 3 cômodos que 3 meninas viveram e se dedicaram aos estudos com muita alegria e entusiasmo. Nessa fase já tinha certeza que queria fazer medicina em uma faculdade pública, o que exigiria muito esforço e dedicação. Estudei MUITOOOO.

E no dia 08/12/2010, meu aniversário de 17 anos, me formei no ensino médio, sem saber ainda quais seriam meus próximos passos.

Eu estudava muito e prestei vestibular desde o 1° ano do ensino médio para medicina.

Cheguei a ser aprovada em algumas faculdades ao final do 3° ano, mas o objetivo era cursar uma faculdade pública.

No ano seguinte, me mudei para São José do Rio Preto/SP para fazer cursinho pré-vestibular, e me dei um ano de prazo para alcançar o meu objetivo. Me lembro com alegria dessa fase, mas foi bastante difícil.

As aulas começavam às 07h00 e terminavam às 13h20. Almoçava e voltava às 14h00. Muitas vezes não tínhamos aula, mas lá estávamos, eu e a Laís, estudando. Obrigada (@laispereiraq), por todas as vezes em que eu me sentia cansada, pensando em desistir, mas você me puxava de volta para o nosso propósito!

Fomos muito felizes em compartilhar essa fase e pudemos comemorar juntas a conquista de nos formarmos médicas.

Ia para Ouroeste aos sábados, após a aula, e já  retornava aos domingos para São José do Rio Preto. Era pouco tempo com a família, mas muito necessário para me recarregar.

Sempre tive apoio incondicional dos meus pais e eles sempre inventavam uma consulta ou uma revisão do carro só para me levarem na segunda-feira de manhã e ganharmos um tempinho extra juntos.

Só Deus sabe quantas vezes o carro passou por revisão naquele ano e quantos exames eles fizeram.

Depois de um ano de cursinho, fui aprovada na PUC-Paraná (Curitiba) e na PUC-Campinas, ambas excelentes universidades particulares, mas a intenção era estudar o mais perto de casa possível.

Nunca vi meu pai viajar tão feliz quanto voou para me matricular em Curitiba. Ainda mais feliz quando precisou cancelar e ir para Campinas.Lá quando já estava dentro do campus da PUCCAMP, recebeu minha ligação dizendo: “ Pai, pode vir para casa, vou passar na FAMEMA, em Marília.”

Foi uma grande felicidade: faculdade pública de medicina, meu objetivo cumprido! E lá fomos nós fazer a matrícula.

Em algumas semanas, saiu o resultado da UNESP, passei! Desisti de Marília e fui fazer a matrícula em Botucatu/SP.

Ainda sonhava com a FAMERP, em São José do Rio Preto, perto de casa, e me lembro de passar em frente todos os dias e pensar “eu vou entrar aqui!” Repetia mentalmente: “Eu vou estudar aqui.” Mas quando saiu a primeira lista de aprovados eu não estava nela.  E não sabia a minha classificação para avaliar minhas chances.

Voltando de Botucatu, já matriculada e feliz, afinal, Unesp é uma excelente universidade, finalmente saiu a segunda lista da FAMERP e meu nome estava lá! Eu consegui!

Botucatu ficou para trás e fui fazer a matrícula na faculdade dos meus sonhos!

Eu olho para trás com orgulho e sei que TUDO VALEU A PENA.

São José do Rio Preto é referência em saúde e a FAMERP tem o 2º maior hospital-escola do Brasil. E com certeza foi muito mais do que sempre sonhei. Além de ter o privilégio de estudar e ter uma vivência acadêmica fantástica, conheci muitas pessoas  incríveis que contribuíram para a construção do ser humano que sou hoje.

Aprendi na prática que estudar medicina é muito mais do que assistir aulas e ir ao hospital. Já no primeiro ano participei de pesquisas através da iniciação científica e vários projetos da faculdade. 

Fiz parte da IFMSA, atuando em debates de projetos sociais, educação médica, como líder em alguns e como participante em outros, com oportunidade de conhecer acadêmicos de medicina do Brasil inteiro e até do exterior. Também participei e coordenei o grupo “Eis-me aqui”, de Palhaçoterapia. Toda essa experiência e vivência me trouxe enormes ganhos na minha vida pessoal e profissional! 

Cheguei adolescente à FAMERP e saí médica, num intervalo de 6 anos.

Me tornei médica em outubro de 2.017 em um momento glorioso, junto com meus pais, meus irmãos, meu marido, amigos e familiares que foram meu apoio em todo o processo.

Um misto de alegria e realização somado a ansiedade e o peso da responsabilidade que é a prática da medicina. Um sonho sendo concretizado e o início de uma nova etapa: a especialização.

Eu não escolhi a pediatria, foi ela quem me escolheu, desde os 7 anos.

Durante a faculdade, me apaixonei por várias áreas da medicina, mas na fase final do curso, quando definimos nossa área de especialização (e prestamos mais uma prova super concorrida), deixei meu coração falar mais alto. Na pediatria me reconheci e me encontrei. 

É nos cuidados das crianças, e suas famílias, que sinto o meu maior valor sendo entregue.

Na ocasião da escolha selecionei apenas duas instituições para prestar prova de residência: USP e FAMERP! E graças a Deus pude ver meu nome na lista de aprovados das duas instituições.

Na hora de decidir, optei por ficar onde meu coração já tinha morada, na FAMERP, no HCM, no famoso hospital das janelas coloridas.

A minha especialização (residência) em Pediatria foi uma fase incrível, mas também muito difícil, como tudo na vida, certo?

Ser pediatra requer muito jogo de cintura, interpretação atenta, e entendimento global da criança, da família e do contexto social.

Como toda residência médica, é um período que exige muita dedicação. Foram muitas horas em emergências, salas de parto, ambulatórios e UTIs. Três anos intensos para aprender a cuidar do ser humano nas fases mais importantes e determinantes da vida: a infância e adolescência!

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